Paulo Vieira Amado

Paulo Vieira Amado, nasceu no Alqueidáo da Serra em 09 de Outubro de 1891. Era filho de António Vieira Amado e Susana de Jesus Alfaiate, e neto paterno de José Vieira Amado e Joaquina de Jesus Theresa.

Frequentou o Seminário de Santarém, mas saiu em 1909/10 sem ter terminado o curso.

Casou com uma inglesa de nome Mary Morris e não tiveram filhos.

Foi encarregado dos negócios externos da Companhia de Seguros Fidelidade em Lisboa durante muitos anos, até ao inicio da década de 60.

No exercício das suas funções atuou sempre como verdadeiro diplomata nos maiores negócios entre seguradoras e segurados, pelo que conseguiu grande reputação a nível nacional, e não só.

Viajava por Portugal inteiro e em lado nenhum via pedra preta igual à que havia no Alqueidão, por isso ele costumava dizer que “as pedras do Alqueidão ainda se hão-de transformar em pão”.

Era uma pessoa muito influente na vida politica, social e económica do seu tempo. A estrada para o Celeiro fez-se devido única e exclusivamente à influência de Paulo Vieira Amado, junto do Governador Civil de Leiria de quem era muito amigo.

Da sua união com Florinda Poças, de Porto de Mós, nasceu Paulo Rui Poças Vieira Amado.

O menino fez a sua Comunhão Solene em 6 de Junho de 1948.

Paulo Rui Poças Vieira Amado

Paulo Rui Poças Vieira Amado foi Alferes na Força Aérea Portuguesa e um destacado combatente nas Ex-Provincias Ultramarinas.

Foi condecorado com a Medalha da Cruz de Guerra de 2ª Classe porque no decorrer de cerca de 2 anos em que prestou serviço na Provincia da Guiné, demonstrou possuir elevada competencia profissional, desempenhando com perfeição todas as missões de que foi incumbido, prestigiando assim a Força Aérea.

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Santos Populares

Quadras de Inocêncio Gomes – O Pulguito, para comemorar os Santos Populares em 2022

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Apelidos Antigos

Apelidos de família que eram comuns no Alqueidão da Serra no tempo dos nossos antepassados, mas que não conseguiram passar para as gerações seguintes, desaparecendo completamente.

Atualmente já não há ninguém que use os seguintes apelidos:

AFONSA, Teresa. Foi madrinha de Batismo do Comandante Afonso Vieira Dionísio,

Afonso Vieira Dionísio

ALFAIATE, Manuel Francisco. Em 1773 era o Juiz da Confraria das Almas.

Maria Encarnação de Jesus Alfaiate esposa de JOSE FRAZÃO

ALFAIATE, Manuel Vieira. Em Dezembro de 1907 desempenhava as funções de Regedor.

ANDRÉ, Domingos. Era da Lagoa e aparece na medição do Reguengo da Magueixa, feita em 26 do Junho de 1702, (Torre do Tombo, Casa do Infantado, livro 197, fls. 1 a 5 e 135).

ANES, Lourenço. No livro das herdades do Convento de Alcobaça, que o Abade D. Estêvão de Aguiar mandou fazer em 1435, aparece como um dos confrontantes da herdade que o referido Convento possuía na Várzea.

ANTONINA, Teresa Vieira. Filha de António Ribeiro e de Joaquina Vieira, foi casada com Manuel da Costa Bartolomeu. Faleceu na Carreirancha, tendo 68 anos.

BAJOUCA, Francisca de Jesus. Era filha de pais incógnitos. Faleceu em 1874, no estado de viúva. Bajouca como apelido desapareceu, mas prevaleceu durante muito tempo como alcunha da família: “As Bajoucas”

Maria Bajouquinha

BALUGAS, Manuel Carvalho. Balugas como apelido não existe, prevalece na família como alcunha.

Francisco Carvalho, já não usa o apelido do pai Manuel Carvalho Balugas

BARREIROS, José. Era do Valongo.

BARREIROS, José de Matos. Era natural da Carreirancha. Na sessão municipal de 30 de Maio de 1890, foi nomeado avaliador das expropriações a fazer para a estrada da Carreirancha à Portela Onde Morreu o Cavalo e no dia 12 de Junho de 1891 escolheram-no, com outros, para o arbitramento da côngrua paroquial do Alqueidão.

BELA FLOR, Francisco da Cunha.

BEXIGA, António.

BEXIGA, João Vieira Bexiga.

BISCOITA, Maria. Em acto de Câmara de 5 de Dezembro de 1890, é condenada a pagar a coima que lhe ferrou o zelador municipal, Francisco Belo, por transgressão de posturas.

João Biscoito

BRANCO, José Vieira. Durante o ano de 1762, aparece nalguns documentos notariais. Era da Confraria das Almas.

O Ti João Branco

BRISSIMO, José da Costa. Natural do Casal do Duro, onde faleceu em 5 de Dezembro de 1873. É provável que o seu verdadeiro apelido fosse Veríssimo.

BRINQUE, João da Silva. O jornal “Portomozense”, de 20 de Dezembro de 1919, noticia que, pouco antes, baptizara uma filha com o nome de Teresa da Cruz. Casado com Maria da Cruz, vivia na Carreirancha.

BRITES, Maria. Em Maio de 1817 a Vereação Municipal multou-a em 100 reis por ter faltado à procissão de S. Jorge, uma das que o Concelho fazia anualmente. Conclui-se, daqui, que vivia na parte que era termo de Porto de Mós.

BRITO, Manuel Pereira. Do Alqueidão.

CABEÇA, Manuel. Era da Carreirancha. Na sessão camarária de 21 de Novembro de 1890, foi deliberado avisá-lo de que seria acionado judicialmente, caso não pagasse na Tesouraria Municipal e ao zelador que o autuou por transgressão das posturas, a parte competente àquela e a este.

Casamento da filha do Quim Cabeça

CABOUQUEIRO, João Vieira.

CALADO, João Vieira. Era padre e natural do Alqueidão. É falado em mais que um documento oficial. Num deles, assinado em 16 de Junho de 1773, declara ter celebrado certas missas de sufrágio, ónus que afetava um talho no Falgar

CALADO, José Vieira. Foi juiz da Confraria de Nossa Senhora do Rosário em 1768;

CALÇA, José da Costa. Era do Alqueidão.

O ti António Calça com a família

CALÇAS, José. Era do Alqueidão.

CARAPUCINHA, José da.

CARVOEIRO, Manuel. Provavelmente, era dos Bouceiros.

CASQUILHO, Manuel Pereira.

CATÃO, João da Silva. Natural do Alqueidão,

João (de alcunha Catão)

CATURRA, António da Silva Nunes. Foi capataz na mina de ferro de Jorge Croft.

Chamavam Caturra a José de Matos que era sapateiro, e foi pai de Alfredo de Matos. Este apelido passou nesta família como alcunha.

CHEFRE, António Francisco. Do Zambujal. Em 1788, a 2 de Março, instituiu uma “capela”, em várias fazendas que doou a seus filhos. O documento foi feito na sua casa de habitação, aonde o notário se deslocou.

CHINA, Ana Maria. Foi casada com António Luís Mitro. Mediante pagamento, encarregaram-se da criação de uma exposta dos Hospitais dos Expostos de Lisboa, de nome Clara, falecida no dia 7 de Agosto de 1869, com oito meses.

CHINO, Manuel Gaspar. Falecido em 10 de Abril de 1874, foi casado com Maria Moleira.

COELHO PEREIRA, José. Em 28 de Dezembro de 1855, exercia o cargo de Juiz Eleito da Freguesia. .

COELHO, José. Filho de pai incógnito, faleceu em 15 de Dezembro de 1875.

Joana da Piedade Coelho – Mãe da Maria Coelha

CRISTÃ, Rosa. Casada com Bernardo Vieira, em 1873/74 viviam nos Casais.

CRISTÃO, Manuel. Era dos Vales. Na ata da sessão camarária de 26 de Janeiro de 1833, diz-se que ele foi nomeado Juiz de Vintena. Esta eleição veio a ser veementemente contestada, como se lê na referida ata, pela Vereação que se sentiu ferida com o abuso do “joiz pella Ley, o Doutor José Bento Doarte”. As coisas estiveram fuscas a ponto de haver ameaças de levar o caso à presença do Rei.

Na Várzea, existe uma fazenda que, ainda hoje, é tratada por “Terra do Cristão”. Faltam elementos seguros para garantir se era propriedade deste, se de outro com o mesmo apelido.

CURADO, João Vieira. Filho de pai e de avô incógnitos. Deixou filhos e faleceu em 1 de Dezembro de 1874.

DAR-E-TER, Francisco. Foi do Alqueidão.

DAZELHA, João. Citado numa das confrontações da herdade do convento de Alcobaça, na Várzea.

DIAS, Domingos. Do Alqueidão, termo de Leiria. Em 1555, tinha um prazo, em sua vida, nas terras que a capela de S. Simão (de Leiria) possuía no dito lugar. Uma era na Cumeira, outra no Cepo e outra nos Morouços, etc.

DURO, Manuel Francisco. Casado, natural da Carreirancha. Em 20 de Agosto de l761, o Alferes José Gomes emprestou-lhe 20$000, à razão de 5%, sendo fiador António José Marto, igualmente da Carreirancha. Foi casado com Catarina Maria, do mesmo lugar.

EANES, Fernando. Em regime de prazo (talvez no começo do século XVII) o convento de S.ta Cruz de Coimbra entregou-lhe a exploração de seis propriedades, sitas no Alqueidão.

ESTÊVÃO, Manuel da Silva. Nascido no Alqueidão. Sabe-se que em 1766, possuía uma fazenda nos “casays dos Bouceyros”.

ESTÊVÃO, Manuel da Silva. Também do Alqueidão. Foi dono dum prazo, constituído por vários baldios, no Alqueidão. Em 1834, o domínio direto deste prazo era do convento da Batalha, e foi avaliado em 16$000.

ESTEVES, António da Silva. Do Alqueidão e aí proprietário, em virtude do que pagava a Décima de 1.330 reis e a Derrama correspondente de 452 reis. Em ato de Câmara de 1 de Abril de 1881, ele, ou outro de igual nome e apelidos, foi nomeado informador louvado para o serviço da Contribuição Predial.

ESTEVES, José. Em sessão de Câmara de 14 de Junho de 1800, foi nomeado para Mordomo do Círio da Nazaré. A nomeação foi dada sem efeito por o nomeado não pertencer ao termo de Porto de Mós.

ESTEVINHA, Maria da Silva. Foi casada com Manuel Francisco Saforro. Em 30 de Outubro de 1855, foi enterrada no adro paroquial.

ESTEVENS, Manuel. Nascido nas Covas Altas, aí faleceu com 35 anos, em 8 de Junho de 1875. Era casado e seu pai chamava-se João Estevens.

FARIA, … Nunca se soube e nome próprio da pessoa que usou este apelido. Emigrou para o Brasil e foi dono dos terrenos em que se implantou a atual residência paroquial e da maior parte do quintal anexo.

FRADE, José da Cunha. (Ver Manuel Vieira Pato). Participou, com este, no emprazamento duma fazenda da Confraria das Almas.

FREIRE, João de Brito. Em Setembro de 1765, aparece como “Administrador e Depositário (da Confraria das Almas) Joam de Britto Freyre“.

GAGO, Manuel Vieira. Natural da Demó, faleceu em 25 de Julho de 1878.

GALEGO, José da Costa. Do Alqueidão.

GALETE, José da Costa. A sua contribuição decimal era de 290 reis e a Derrama correspondente, de 98 reis.

GALETE, Joaquina da Costa. Filha legítima de José da Costa Galete, dos Casais, faleceu em 10 de Janeiro de 1883.

GALO, José da Costa. Dos Vales. Em 1819 foi nomeado recebedor da Décima na vintena do Alqueidão.

Manuel de Matos Galo

HEITOR, Margarida. Pelos anos de 1680 foi proprietária no Falgar.

JUIZ, António da Costa. Avô paterno do Fiscal-Geral Lourenço da Costa

António da Costa Juiz

LEAL, José. Tributado com a Décima de 50 reis e com a Derrama de 17. Avô materno de Maria Lucas, que foi casada com Francisco de Matos.

LILO, Manuel António. Nasceu no Zambujal, onde faleceu em 26 de Maio de 1874, com 56 anos. Casado com Maria Pirez, neto de avós incógnitos, por ambos os lados, não deixou descendência.

LOPES, António. Do Vale Joaninho. Na medição do Reguengo da Magueixa, a que a Casa do Infantado mandou proceder em 1772, aparece como dono de terra limítrofe do dito Reguengo.

MÁ ALMA, José.

MALHA, Maria Esteves. Mãe de Frei Diogo de S.to Alberto,

MAMEDE, Manuel. Da Demó. Foi casado com Joaquina da Conceição.

MATEUS, João. Em 16 de Maio de 1674 era dono duma propriedade sita na Cumeira que partia com outra do convento de S.ta Cruz de Coimbra.

MENDES, João. Pai de Frei Diogo de S.to Alberto.

MENDONÇA, José da Silva. Filho legítimo de Manuel da Silva Calado e de Maria da Silva, foi avô paterno de Manuel da Silva, que faleceu a 19 de Fevereiro de 1861 “sem juizo de que andava privado há muitos anos”. É admissível que se trate do mesmo que, em 3 de Outubro de 1776, a Confraria do Espírito Santo admitiu como fiador de Maria da Silva “veuva que ficou de Joze Carvalho”.

MIMUCHEIRO, António João. Possuía uma fazenda nos Morouços, a qual partia com outra do Convento de S.ta Cruz de Coimbra.

MITRA, Maria Correia. Filha legítima de Manuel Luís e de Maria Correia, faleceu, com 80 anos, em 7 de Fevereiro de 1910. Trata-se de pessoa que deixou que falar nos anais da “Serração da Velha”. É que os rapazes que entravam na funçanata da “Serração da Velha”, todos os anos a “serravam”. E a razão é porque a ingenuidade dela (e a de, pelo menos, outra irmã com quem vivia) passava todas as marcas do possível. É boa prova deste dito o facto de elas, enquanto batiam com o podão nos varapaus que os rapazes da “serração” lhes enfiavam na “gateira” da porta, irem garantindo para seu próprio consolo:

– “Amanhã é que eu te conheço na igreja, com o braço ao peito, meu maroto!”

Frase que repetiam, sempre que um varapau sarrafaçava nas tábuas da porta.

Outra particularidade as fez notadas: a de uma repetir o que a outra dissera. Foi daí que veio a classificação de “mítaro”,dada anos atrás, às pessoas que repetissem o que outro dissesse. A casa onde a Mitra viveu, fica na rua Comandante Afonso Vieira Dionísio. É a penúltima do lado direito de quem vai no sentido do Nascente. Ainda há poucos anos era tratada por “casa da Mítara”.

MIXEIRA, Luísa. Mãe de Luísa Maria, faleceu nos Casais, de onde era natural, em 30 de Janeiro de 1861. Também se usava escrever “Micheira”.

MOLEIRA, Maria. Casada com Manuel Gaspar Chino.

MÓ, Francisco da Silva do. Era dos Bouceiros.

MONTEIRO, José.

MORADO, Manuel.

MORGADO, Francisco. Era do Zambujal. Tinha um prazo pertencente à Colegiada de S. João, Porto de Mós, pelo qual pagava 49 alqueires de trigo. No Zambujal possuía um “talhinho” atrás das suas casas e amanhava terras “onde chamam o Ribeiro”, nas Capelas, no Falgar. Isto em 15 de Agosto de 1779.

NETO, José.

NEVES, José. Natural da Demó.

NOVO, António.

ÓRFÃO, Manuel Pereira. Seria dele o “Pragal do Órfão”, de cujas pedras se arrancavam escolhidos pedacinhos que, postos no fogo, estrelejavam alegremente?

PADRE, António.

PARREIRAS, Manuel. Sucedeu-lhe o mesmo que a Maria Biscoita.

PATO, Manuel Vieira. Em 14 de Novembro de 1762, participou no emprazamento duma fazenda da Confraria das Almas, de que era irmão.

PENILHA, Domingos.

PERES, Francisco. Do Zambujal, faleceu em 24 de Janeiro de 1861.

PINTO, João Vieira. Em Novembro de 1762, participou no emprazamento de que se fala em Manuel Vieira Pato, pela mesma razão. Segundo consta de documento da Torre do Tombo, em Outubro de 1769, era Juiz da Confraria do Santíssimo.

PINTOR, José da Cunha. Em 14 de Novembro de 1762 está presente num acto notarial, em casa de Francisco da Silva Monteiro.

PREGALEIRA, Francisca.

REO, João da Silva. Do Alqueidão. Em 3 de Janeiro de 1777, empresta 16$000 a Francisco da Silva e sua mulher.

ROLA, Carolina de Jesus. Consta das actas da Câmara que pediu um subsídio para a criação de uma filha natural, de nome Maria.

ROLO, Francisco Pereira.

SAFORRO, Manuel Francisco. (Ver Estevinha). Na sessão da Câmara de 24 de Dezembro de 1853, foi incluído na lista dos louvados informadores para a Contribuição Predial.

SALDANHA, Manuel Jorge. Em 1834 pagava ao convento da Batalha, a 15 de Agosto, alqueire e meio de trigo e uma galinha por um prazo constante de vários baldios que fora de Manuel da Silva Estêvão.

Celeste Saldanha

SANCHES, João Pedro. Faleceu em 11 de Outubro de 1875. Era filho de Pedro Sanches e de Rosa Maria.

SARRANO, Manuel. Como presidente da Junta de Paróquia, assinou, de cruz, o Boletim Estatístico da Freguesia referente a 1837.

O apelido Sarrano passou depois a ser a alcunha de alguns dos descendentes, deixando de ser usado como apelido.

Laura Sarrana

SÉCIO, Francisco.

SEMIÃO, Manuel Francisco. Era do Zambujal e em 1776, figura como confinante de certa propriedade do Rev.º Dr. Francisco Xavier, no mesmo Zambujal.

SOLDADO, José dos Santos. Talvez dos Bouceiros.

SURDO, António.(Sucedeu-lhe o mesmo que à Maria Biscoita).

Firmino Gaspar Surdo

TENENTE, Manuel da Silva. Em 1765, serviu de fiador a Manuel Gaspar e sua mulher, Maria Francisca, que pediu dinheiro à Confraria de Nossa Senhora do Rosário, da qual era juiz José Vieira Pedro.

VALONGUEIRO, Francisco Gaspar.

VANGUEIRO NOVO, Manuel Vieira.

VAZ, Pêro. Em 1435 era o rendeiro das herdades do convento de Alcobaça situadas no Alqueidão.

A Recolha dos nomes é de Alfredo de Matos (1915-1992)

(As fotografias são da Biblioteca de Multimédia deste blog)

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Memórias do Ultramar

Depois da Segunda Guerra Mundial, as antigas potências europeias iniciaram o processo de descolonização de diferentes áreas dominadas no espaço africano.

O Governo de Portugal não aceitou a perda dos territórios e ofereceu resistência contra os grupos armados que desejavam que as suas terras fossem nações independentes.

Foi nesse contexto que aconteceu a Guerra Colonial Portuguesa, que se desenvolveu entre 1961 e 1974, e colocou em choque as Forças Armadas Portuguesas contra diferentes grupos armados de Angola da Guiné e de Moçambique.

COREMO-COMITÉ REVOLUCIONÁRIO DE MOÇAMBIQUE (documento de Joaquim de Jesus Rosa)

Foram 10 mil militares portugueses que perderam a vida neste conflito que durou 13 anos.

Jovens de todas as aldeias de Portugal, sem nenhuma experiencia no uso de armas, foram obrigados a combater para defender as terras que o governo chamava de “as nossas Províncias Ultramarinas”.

Um rapaz que começasse a namorar antes dos 18 anos, tinha de deixar a namorada para ir cumprir o Serviço Militar obrigatório, com 90% de hipóteses de ser chamado para a guerra. As namoradas tinham que esperar por três anos!… E esperaram,… e casaram! Mas também não esquecem o que foi viver com o coração apertado, com medo de receber noticias ruins.

Alguns rapazes preferiam ir para o estrangeiro.  Arriscava-se a ser mortos pela polícia, ao atravessar a fronteira, mas iam mesmo assim. Nunca mais podiam voltar porque se voltassem eram castigados e podiam ser chamados para o Ultramar em qualquer altura.

O ti António dos Casais dos Vales costumava dizer que antes queria ver o filho morto do que o ver embarcar para o Ultramar, no entanto, foi um dos seus filhos o primeiro rapaz do Alqueidão a embarcar para a guerra.

As famílias, as namoradas, e os amigos faziam promessas e pediam com fé a Nossa Senhora de Fátima para que os protegesse …

Ezequiel Saragoça Calvário

Ficou na nossa memória coletiva, a angustia das famílias que viram os seus jovens rapazes partir para a guerra, na incerteza do regresso.

O Júlio não voltou. Morreu no Ultramar. Era filho de Maria da Encarnação Carvalho e de João Calvário.

Júlio Carvalho Calvário

Júlio Carvalho Calvário (Nasc.17-11-1944)

Companhia de Caçadores 1487

Guiné 1965 – 1967

Faleceu na Guiné em 20-06-1967

O Alfredo voltou com uma grave doença renal.

Alfredo Pereira Gomes

Alfredo Pereira Gomes, nasceu no Alqueidão da Serra em 11 de Novembro de 1942, era Filho de António Correia Gomes e de Alexandrina Pereira Vieira.

Esteve no ultramar entre  1964 e 1966. Voltou com uma grave doença renal e acabou por falecer a 8 de Agosto de 1968.

Nunca me esquece da guerra, foi de lá que trouxe esta doença

Álvaro Costa Saragoça

Para além dos traumas de guerra, trouxeram doenças que os acompanharam durante toda a vida, e que maioritariamente estão relacionadas com fígado, rins e intestinos, por causa da má alimentação e falta de água ou água contaminada.

Mas também recordam os divertimentos, as festas de aniversário e as bebedeiras.

A nossa missão não era matar. Defendíamo-nos quando nos atacavam.

Adolfo Silva Laranjeiro

Cada batalhão tinha o seu Capelão Militar que dava assistência religiosa aos soldados.

Angola – Adelino da Costa Santos

A missão do Capelão Militar passava também por atender às necessidades dos povos nativos, ajudando as pessoas necessitadas, para além da assistência religiosa soldados.

Quando iam para o mato ficavam em acampamentos provisórios ou até em buracos abertos por uma escavadora, e andavam por lá durante meses.

Angola – Álvaro Costa Saragoça

Quando saíam levavam um cantil, a arma, e uma outra arma de defesa pessoal bem junto ao corpo, para o caso que tudo o resto falhasse.

Arma de Defesa Pessoal de António Pereira Carvalho

Filtravam toda a água que bebiam usando bocados de algodão, ou até um lenço, mas quando a água acabava já não havia onde encher o cantil.

Colocávamos água na tampa do cantil, e molhávamos os lábios, porque se puséssemos o cantil à boca… ficávamos logo sem água

Joaquim de Jesus Rosa

Os que estiveram em Angola recordam a Capela de Nossa Senhora do Grafanil, local de devoção de milhares de homens que passaram no Campo Militar do Grafanil, na Estrada Luanda-Catete.

O altar era esculpido no tronco de um embondeiro, uma grande árvore das regiões tropicais. Nove homens não chegavam para abraçar esta árvore.

Raul Laranjeira dos Santos . Angola

Em 1974, a Revolução dos Cravos estabeleceu o retorno da democracia, e a guerra acabou.

Os anos que se seguiram à Revolução de 74 também não foram fáceis, nem para os militares, nem para civis portugueses que estavam nas “Províncias Ultramarinas”. Nesta altura cerca de 600 mil portugueses regressaram a Portugal, na sequência do processo de descolonização. Eram os “retornados”. Foram perseguidos, tiveram que fugir e deixar lá tudo o que possuíam. Muitos deles tinham nascido fora do país e não tinham para onde “regressar”. Esta população enfrentou sérias dificuldades depois da sua chegada a Portugal. Tiveram dificuldades para encontrar trabalho, e também estiveram sujeitos a diversos tipos de discriminação.

Quando chegavam a Portugal, acabada a obrigação do Serviço Militar, os soldados iam a Fátima dar graças a Deus que lhes tinha concedido a graça de regressarem para junto das suas famílias, e faziam uma homenagem aa Nossa Senhora carregando o Seu andor.

13 de Maio de 1973 em Fátima – Adolfo Silva Laranjeiro

Hoje, os ex-combatentes mostram aos netos, com muito orgulho, os álbuns de fotos da guerra e contam-lhes as histórias e as memórias que cada fotografia vai avivando.

O Reconhecimento da Nação

Titular de Reconhecimento da Nação

A insígnia tem a mesma forma do monumento aos combatentes localizado em Lisboa, símbolo do agradecimento e homenagem nacional a todos os Antigos Combatentes, apresenta-se no formato de alfinete de lapela (pin), e vem numa caixa com a inscrição “Titular de Reconhecimento daa Nação”

Insígnia de Daniel Saragoça dos Santos

Lei nº 46/2020 de 20-08-2020

ANEXO I – (a que se refere o artigo 2.º) ESTATUTO DO ANTIGO COMBATENTE


Artigo 6.º – Titular de reconhecimento da Nação

       A todos os antigos combatentes que se enquadrem no âmbito de aplicação do
presente Estatuto será inscrita na informação contida no circuito integrado do cartão de
cidadão a designação «Titular de reconhecimento da Nação», ao abrigo do n.º 3 do artigo
8.º da Lei n.º 7/2007, de 5 de fevereiro.
Início de Vigência: 01-09-2020

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Beco da Ti Ana do Vitório

A ti Ana do Vitório morava na Carreirancha, na casa que faz esquina com o Beco que hoje se chama “Beco da Ti Ana do Vitório”.

Ela chamava-se Ana da Silva Saloia, era uma das filhas do ti João Biscoito. Seus irmãos eram o ti João Vitório (que tinha a taberna em frente à Igreja), o José Vitório, a Jaquina Policia, entre outros.

Foi casada com João Vieira Pedro e teve duas meninas: A Maria da Silva e a Joaquina da Silva Pedro (Joaquina do Trinta). O marido morreu quando ela ainda estava grávida da Joaquina.

Casou depois com José Vieira Amado e teve mais três filhos: A Olinda (do ti António da Laura), a Helena (do ti Tiago) e o Manuel da Silva que vive em França e já deve ter perto de 90 anos.

A vida da Ti Ana é um exemplo da vida das mulheres da aldeia nos primeiros anos do século XX. Cuidava da casa, cuidava dos filhos, cuidava dos terrenos, cuidava das roupas…

Durante a Segunda Guerra Mundial, todos passaram muita fome porque havia racionamento de alimentos. Foram criadas as Comissões Reguladoras do Comércio Local, para fazer face “às circunstâncias derivadas do estado de guerra”.

Nesta altura a ti Ana do Vitório, ia buscar os alimentos que precisava à mercearia da ti Jaquina, esposa de Paulo Vieira Saragoça. que ficava da Rua do Ferreiro conforme consta de um documento existente no Arquivo Municipal de Porto de Mós.

“O abaixo assinado Ana da Silva Saloia residente em Carreirancha freguesia de Alqueidão da Serra, chefe de um agregado familiar, declara, para os efeitos de racionamento, de que assegura a alimentação a 4 pessoas que com êle cohabitam e constam da relação no verso.” (Arquivo Municipal de Porto de Mós).

Os netos ainda se lembram de ir com ela à serra apanhar carrascos para acender o forno e cozer o pão. Aquelas bolas de pão caseiro a sair do forno, nas quais se fazia um buraco e colocava dentro azeite e açúcar eram as delicias da criançada.

Hoje existe uma Rua com o nome da ti Ana do Vitório, mas já pouca gente tem ideia de quem ela era.

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